Reserva natural integral do ilheu dos Passaros

Reserva natural integral do ilheu dos Passaros

Limites Geográficos – 08 55 45″ a 08 56 23″ de Latitude Sul e 13 08 01″ a 13 08 42″ de Longitude Este.
Limites Naturais – Limitada a Norte pela faixa marítima dos 80 metros, desde o marco 1 do foral de 1966 até à ponta do Caluca. Limitada a Oeste pela faixa marítima desde a ponta de Caluca até à foz do Rio Mondo, seguindo o seu curso até à estrada E.N. Benguela-Namibe. A Nordeste é limitada por uma linha quebrada que liga os marcos farol 5, 4, 3, 2 e 1. A Sul é limitada pela berma norte da estrada EN-6, marco 5 do farol de 1966, berma da estrada e uma linha recta que vai daqui ao marco 5 do farol de 1966.

Descrição- É uma pequena ilha com 17 km², que sofre inundações periódicas, pelo que o tipo de vegetação predominante são os mangais. A temperatura média anual é de 24.6°C e a humidade de 80%. Os meses mais frios são Julho e Agosto, com uma média de 20.7°C. Março é o mês mais quente, com 27.4°C.
Chove em média 54 dias por ano, num total de 449mm.

Áreas Protegidas da Boa Vista

Na ilha da Boa Vista encontramos 14 das 47 áreas protegidas declaradas em Cabo Verde através do Decreto-Lei nº3/2003 de 24 de Fevereiro de 2003, que incluem áreas terrestres, costeiras e marinhas.

Através do Projecto de Consolidação das Áreas Protegidas de Cabo Verde (PCAPCV) cujo principal objectivo foi o fortalecimento e a consolidação do sistema de AP de Cabo Verde iniciou-se a consolidação de 7 áreas protegidas, localizadas a leste da ilha (Complexo das áreas protegidas do leste da Boa Vista – CAPLBV). O Projecto de Consolidação decorreu de 2011 a 2014, tendo-se delimitado e publicado em BO os limites das 14 AP da Boa Vista, elaborado os instrumentos de gestão das 7 AP que fazem parte do CAPLBV (plano de ordenamento e gestão, plano de ecoturismo e plano de monitorização), criado o Conselho Consultivo Local e elaborado a Estratégia e o Plano de Conservação da ilha da Boa Vista. Após o termino do projecto de consolidação o Escritório Insular de Conservação assumiu a coordenação de todas as AP da Boa Vista sob a dependência da Direcção Nacional do Ambiente.

Em termos geomorfológicos as Área Protegidas da Boa Vista apresentam uma grande diversidade: pequenas elevações que se destacam no meio de grandes extensões planas; relevos escarpados; desfiladeiros de paredes abruptas esculpidos na rocha calcária; formações dunares; vastas extensões de praias arenosas; bacias hidrográficas; zonas costeiras planas; lagoas e salinas.

Os habitats das Área Protegidas da Boa Vista, pela sua especificidade apresentam áreas de relevante importância nacional e internacional para: a nidificação de tartarugas da espécie Caretta caretta (Tartaruga-comum); formações de corais que contribuem para tornar o arquipélago num dos dez sítios mais importantes a nível mundial para a diversidade de corais; nidificação e descanso para as aves, nomeadamente nos ilhéus assim como as várias zonas húmidas (lagoas e salinas), possuindo a ilha 2 sítios declarados no âmbito da Convenção Ramsar (Lagoa de Rabil e Curral Velho).

Existem 4 espécies de lagartos (lagartixas e osgas) que habitam a ilha durante todo o ano: Chioninia spinalis boavistensis, Hemidactylus angulatus, Hemidactylus boavistensis e Tarentola boavistensis. Eles podem ser encontrados em qualquer local por toda a ilha simplesmente ao levantarmos algumas pedras. No entanto, as dunas são o lugar onde os lagartos podem ser encontrados com maior frequência.

A ilha também abriga a terceira maior população nidificante de Tartarugas-comum do mundo. Entre os meses de Junho a Novembro as tartarugas podem ser encontradas ao longo das praias onde fazem os ninhos para os seus ovos. A Boa Vista é a maior área de nidificação da espécie Caretta caretta (Tartaruga-comum) no país, sendo as praias de areia branca protegidas ao abrigo das várias áreas protegidas da ilha.
As áreas costeiras da Boa Vista também são uma importante área para os juvenis de outras espécies de tartaruga, como a Tartaruga-verde (Chelonia mydas) e Tartaruga-de-casco-levantado (Eretmochelys imbricata). Também existem relatos da ocorrência de Tartaruga-parda (Lepidochelys olivacea) e de Tartaruga-couro (Dermochelys coriacea).

Na avifauna destaca-se a presença de Rabo-de-junco (Phaethon aethereus), Alcatraz (Sula leucogaster), Cagarra-de-Cabo Verde (Calonectris edwardsii), Guincho (Pandion haliaetus), Jabe-jabe ou Pedreirinho (Oceanodroma castro), Rabil (Fregata magnificens). O ilhéu de Curral Velho constituiu uma importante área de nidificação para a Cagarra, Jabe-jabe e Alcatraz.

Existem muitas espécies terrestres e marinhas de invertebrados que vivem na Boa Vista, incluindo algumas espécies endémicas gastrópodes marinhos do género Conus e 18 espécies endémicas de insectos.

Na biodiversidade marinha destacam-se as aves, as tartarugas, os golfinhos e baleias, os corais e os gastrópodes do género Conus e os peixes, que aqui apresentam um elevado grau de endemismo, especificidade e ou singularidade.

Reserva Natural Integral Ilhéu dos Pássaros (Decreto-Regulamentar nº 11/2103 de 9 de Maio)

A Reserva Natural Integral Ilhéu dos Pássaros tem grande importância no que se refere à avifauna que alberga. O substrato arenoso facilita a existência de espécies vegetais (Zygophyllum fontanesii e Suaeda vermiculata) e estas permitem a sobrevivência da pequena ave marinha o Pedreiro-Azul / Painho-de-Ventre-Branco (Pelagodroma marina), espécie anteriormente abundante no arquipélago, objeto no presente de uma drástica redução. Aproveitam a estabilidade que as raízes das plantas psamófilas dão à areia para construírem os seus refúgios (tocas) na época de reprodução. Encontramos também uma colónia de Jabe-Jabe / Pedreirinho (Oceanodroma castro).
A Reserva Natural Integral Ilhéu dos Pássaros tem uma superfície de 0,82 ha e a área marinha tem uma superfície de 38 ha.

O ilhéu dos Pássaros localiza-se a nor-noroeste da ilha de Boa Vista, enfrente à Baía das Gatas. É um dos ilhéus mais pequenos tendo em conta a sua extensão superficial e a pouca altitude sobre o nível do mar. Trata-se de um ilhéu plano e coberto de material de natureza sedimentar e arenosa. Está ligado à ilha principal por um cordão de recifes e rochas de natureza vulcânica. O limite deste espaço discorre pela zona costeira do mesmo, na linha de Baixa-Mar Viva Equinocial em todo o seu perímetro. Com o objectivo de controlar os possíveis efeitos sobre os valores naturais da reserva, inclui-se uma área marinha neste espaço, que abarca uma franja marinha de 300 metros em todo o seu perímetro.

As principais ameaças são a captura directa das aves marinhas, a alteração e destruição do seu habitat por pisoteio, as visitas frequentes ou outras perturbações (ruídos, contaminação, introdução de gatos) que constituem perigos para a conservação destas aves marinhas.

Comments

No comments yet. Why don’t you start the discussion?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *